quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

até amanhã, meu querido

se a minha solidão de ti dependesse, permanecia como estanque, no tempo, enquanto o tempo te percorre, a tua pele está mais flácida e a tua voz mais grossa, vou-me balançando entre os dias amargos, de inverno, e os dias solarengos, de verão, que me penetram janela dentro, como se, afinal, nunca te tivesses ido embora. apodero-me dos domingos, como dos sábados, consumo-os até os deixar de ter, mesmo que um dia deitada no sofá, a ti te pareçam, perdidos, eu afeiçoei-me a eles, eles afeiçoaram-se a mim; consigo repetir-me e multiplicar-me em palavras quando, de ti, preciso e isto soa-me a ridículo, creio que te dividas em respostas quando, de mim, sais, às vezes, faço o mesmo. continuo a escrever, como se te tivesses ido embora, outra vez, na verdade, agora, temo ainda mais a tua partida, porque é enquanto adormeces, na minha cama, que te escrevo e enquanto (te) escrevo, sou feliz.

Sem comentários:

Enviar um comentário